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Dia dos professores e ensino especial na Vila São Cottolengo: muito a celebrar

Há 57 anos, o Centro de Ensino Especial São Vicente de Paulo escrevia as primeiras palavras de sua história.

Muitas pessoas ainda não sabem que a Vila São Cottolengo, em parceria com convênios, mantém uma escola de ensino especial para  287 alunos, entre pacientes da instituição e comunidade em geral.

Um grande e importante projeto de educação que surgiu da necessidade de ampliar as atividades oferecidas aos pacientes, com a inclusão de atividades pedagógicas, e que, hoje, representa um verdadeiro trabalho de valorização do ser humano e inclusão social.

Hoje, dia 15 de outubro, dia do professor (a), nada mais justo que enaltecer o labor das nossas 34 professoras da escola especial da Vila São Cottolengo.

Uma delas é a Marilene Macedo, que também é coordenadora do Centro. Representando todas as docentes, ela fala um pouco sobre esse lindo trabalho da escola, da Vila. De todos os professores.

Dia dos professores Vila São Cottolengo

Paciente Gilmar fazendo atividade

Método e evolução no ensino

Quase seis décadas atrás, tudo ainda era muito precário. A escola contava apenas com a boa vontade de voluntários e funcionários da Casa que, sem muitos recursos, não tinham a didática que se exige hoje. Mas tinham muita força de vontade para que o centro chegasse a ser a referência que é atualmente.

A realidade, hoje, é um tanto quanto diferente e os avanços não se cessam.

Um deles é a própria metodologia de ensino. Uma evolução recente, conforme explica Marilene: “Houve uma reestruturação e nós agora estamos oferecendo mais que atividades pedagógicas e sim escolarização, tem séries. Antes atendíamos por projetos, mas agora o método é o mesmo, tanto no ensino regular quanto no especial, o que muda é apenas o currículo adaptado”.

Marilene explica a diferença do atendimento por projetos para o que foi implementado: “O que mudou é que vai ter uma terminalidade especifica. Agora eles vão concluir, o projeto tinha continuidade, enquanto tivesse projeto o aluno estava participando. Agora ele vai concluir as séries, assim como é lá fora”, e complementa “É uma política bem favorável à escola especial, pois ela trouxe uma segurança, uma proteção, e equipara, de alguma forma, o ensino regular com o especial, diminuindo as diferenças”.

Agora o Centro de Ensino Especial terá as turmas de Estimulação Precoce (0 a 6 anos), Fundamental I e II  e Educação Especial para Jovens e Adultos (EEJA).

dia dos professores vila são cottolengo

Sala de aula vazia durante pandemia

Pandemia

O ano de 2020 pegou todo mundo de surpresa devido à pandemia do novo coronavírus e todas as suas implicações, que, ainda hoje, cerca de oito meses depois, são sentidas em diversos segmentos da sociedade.

As aulas escolares seguem suspensas e há muitas incertezas quanto ao retorno.

Como aconteceu em todas as escolas, uma readaptação no processo de ensino teve de ser pensada às urgências para que os alunos não sofressem com a longa paralisação.

A nossa equipe do Centro de Ensino Especial São Vicente de Paulo, mais uma vez, cumpriu e está cumprindo o desafio. Dois dias após o anúncio de paralisação das escolas, em março, já estava com o plano de ação pronto.

“Cada professor de cada turma formou grupos de Whatsapp com os pais dos alunos de fora. Fizemos kits de atividades para os internos, já ia com o nome do aluno e repassado para os profissionais que atendem cada unidade de internação, e o profissional da referida unidade aplicava”, relata a coordenadora, que agradece a colaboração de cada um.

“Somos muito gratos a todos os profissionais que têm se empenhado para isso, porque eles têm as demandas deles e ainda fazem o trabalho pedagógico com os pacientes”, diz.

Marilene também elogia a participação dos pais daqueles alunos que vêm de fora. Com tudo isso, percebemos que em momentos de crise o que vale mesmo é a cooperação de cada um.

“Você fica encantada com a participação dos pais. A professora posta as aulas 7 horas e as mães vão entrando e já interagindo. Enviamos uma apostila para acompanhar em casa, a gente pede para eles fotografarem a criança fazendo a atividade. A professora coloca todas as orientações: faz aquilo, faz isso na página tal, e tem dado certo”, avalia.

Desafios, expectativas e gratidão para o dia dos professores

Se existem três palavras que definem muito bem a vida de um professor ou professora, “desafios”, “expectativas” e “gratidão” poderiam ser facilmente condecoradas.

Os desafios são diários e comuns para qualquer educador. Lidar com a desvalorização profissional, falta de reconhecimento, violência em alguns casos, baixos salários, sucateamento das escolas e do próprio sentido de educar, já seriam suficientes para iniciar a lista.

Como relata Marilene, tais desafios ficam ainda mais evidentes em situações de crise, como bem ilustrou a pandemia: “Nós tínhamos diversos casos de falta de acesso às tecnologias, por parte do professor, que teve que comprar um celular melhor porque o que ele tinha não comportava gravar os vídeos, muitos pais também tiveram que correr atrás. Muitos não tinham nem telefone fixo”.

dia dos professores vila são cottolengo

Professora preparando Kits de material para os alunos

A saída, segundo a coordenadora, foi aprimorar ainda mais as parcerias: “O que fizemos? Montamos os kits de atividades, colocamos um tutorial e os motoristas, do estado e município, que são responsáveis por fazer o trajeto das crianças, ficaram disponíveis para levar este material para a casa desses alunos”.

Mas assim como há desafios, há expectativas. E a principal delas para Marilene é poder se encontrar novamente com cada aluno: “É muita saudade. Ouvi-los dizer que estão com saudade alimenta as nossas esperanças de que tudo volte logo ao normal. Nós fazemos chamada de vídeo com eles para não perder esse vínculo”.

Desafios e expectativas, mas, sobretudo, gratidão.

“A pessoa que fica aqui na escola é porque ela tem muito amor no que faz. E com essa pandemia, acredito que houve um reconhecimento do papel do professor, conseguimos mostrar um pouco mais sobre o quanto podemos ser ilimitados”, argumenta Marilene.

A coordenadora reconhece ainda a importância da formação constante: “Os professores não nascem prontos. A gente precisa de formação, de conhecimento, de estudar bastante, aprimorar para oferecer cada dia um trabalho melhor para os nossos alunos. Precisamos sempre buscar novas formas de ser e de ensinar”, finaliza.

Marilene e todas as centenas de milhares de professores em todo o mundo nos mostram todos os dias que educar é questão de entrega.

Um feliz dia dos professores!

 

Carolina Simiema